Fórum de Inovação Social no Inottec durante a 20º SNCT 2023
- Letícia Almeida
- 27 de out. de 2023
- 6 min de leitura
Atualizado: 9 de jan.
Durante a 20º Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de 2023, o Fórum de Inovação Social, etapa final do Programa Socialize-se, da Agitte, esteve presente no Inottec, um evento com foco em incentivar os jovens a ter contato com a Ciência e Inovação Tecnológica. Foi desenvolvido pela Prefeitura de São Cristóvão, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho (Semdet), em parceria com a Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia da UFS (Agitte.se) e com a Prefeitura da Barra dos Coqueiros.
Entre os dias 17 e 18, a Agitte levou atividades inovadoras e integradas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) do projeto Socialize-se para a comunidade estudantil de escolas municipais das regiões citadas. Além disso, promoveu uma oficina de repelentes para as marisqueiras são-cristovenses que sofrem com a falta de proteção adequada na hora de executarem seu trabalho no mangue. No dia 19, como parte do encerramento do evento, foram apresentados cerca de 15 projetos no Fórum de Inovação Social e 5 Startups estavam em exposição no Paço Municipal de São Cristóvão. A seguir, vamos apresentar um pouco das oficinas e cursos ministrados ao longo desse evento e contar brevemente como foi o desfecho do mesmo em meio a tantos projetos inovadores.
17/10 – BARRA DOS COQUEIROS
(Curso) Metainverso: acervo de objetos de aprendizagem gratuitas pelas escolas - Profª. Edilayne Salgueiro
ODS 4 - Educação de qualidade
Segundo Edilayne Salgueiro, professora do departamento de computação da UFS, “O projeto está relacionado ao objetivo de qualidade na educação. A gente faz muito uso de materiais reciclados, então está adequado com o objetivo de reuso e de fácil acesso.”
O trabalho teve origem com base no desafio da Unesco, em que as escolas devem criar o seu próprio mundo virtual no universo do jogo Minecraft. Mas, como apontado por Edilayne, muitas das escolas aqui no Nordeste não têm acesso ao jogo. “[...] Por isso, a gente criou essa ação do Metainverso onde as crianças vão produzir, a partir de objetos gratuitos na internet, dioramas (cenários virtuais) que os professores podem reutilizar nas suas aulas.” A intenção é que, como resultado, as crianças aprendam brincando, que “os professores possam explorar a interdisciplinaridade e também incentivar as ações junto com a Unesco e com os ODS de uma forma lúdica.”
(Oficina) Ensino de história antirracista no universo digital – Profª. Janaína Cardoso
ODS 4 - Educação de qualidade
Sob a orientação da professora Janaína Cardoso, a graduanda de História Kailhaine Ketilli explica o objetivo da oficina e sua relação com os ODS. “No projeto Wiki Afro Edutech, buscamos atender a objetivos como o acesso a educação de qualidade, porque acreditamos que uma educação democrática precisa ser necessariamente antirracista e também buscamos a diminuição das desigualdades sociais, éticas e etc.”
Kailhaine ainda relata o que a motivou a fazer a pesquisa: “Eu como mulher negra me vi nessa pesquisa, eu sempre me senti meio diminuída dentro da sala de aula porque nós víamos somente a história da escravização. Então, buscamos que a história da África e a cultura afro-brasileira seja estudada dentro da sala de aula [...] de forma ampla, não somente dentro da disciplina de história que é o nosso foco, mas, nas outras áreas também. ”
A discente não sentiu que os estudantes tenham compreendido de fato o que quiseram passar com a oficina devido à dificuldade deles se identificarem como pessoa preta, e isso dificultou o processo. Mas, revelou que espera que eles mesmos “busquem se entender como pessoas negras, que tenham identificação com o projeto e com as causas que eles vão ter que lutar mais para frente.” Assim, o projeto está contribuindo para o reforço de uma educação mais inclusiva e que prepara a nova geração para a compreensão de questões relacionadas ao racismo de forma sensível e didática.
(Oficina) Leitura de Gibi e jogos na escola – Profª. Rozana Araujo
ODS 4 - Educação de qualidade
Essa oficina foi ministrada pelo graduando em Arquitetura e Urbanismo, Rafael Alves. Segundo ele, trata-se de uma “oficina introdutória para os alunos desenvolverem as percepções que eles têm sobre o local onde eles vivem, para que a gente consiga sensibilizar os alunos sobre a relação que eles têm com a mobilidade urbana de forma natural.” Posteriormente, os gibis sobre o tema mobilidade urbana são apresentados para as crianças, assim como a explicação do tema de forma descontraída.
Fazendo parte do objetivo da Organização das Nações Unidas (ONU) de mobilidade sustentável, a pesquisa de Rafael tem como foco a divulgação do tema, pois, para ele: “não adianta o poder público intervir com infraestrutura no espaço se as pessoas não têm consciência do por que utilizar esses meios de transporte econômicos.” Sendo assim, “os gibis surgiram com essa demanda de conscientizar as pessoas, principalmente, através da educação nas escolas.” O projeto iniciou com a produção de mídias que divulgam o conhecimento sobre o tema de uma forma mais acessível e didática, para depois serem produzidos os gibis que associam o verbal e o não verbal no texto para atingir o público infantil.
(Oficina) O lixo que transforma: descaracterização de aparelhos de interceptação de sinais e o reaproveitamento do hardware para aplicação em fins educativos - Prof. George Xavier
ODS 4 - Educação de qualidade
O professor do departamento de Engenharia Eletrônica, George Xavier, explica que sua oficina trata de pegar o lixo eletrônico e dar um novo destino a ele, se encaixando nos ODS no sentido de “preocupação com o meio ambiente e também com a inclusão educacional, na qual os níveis da sociedade com diferentes patamares socioeconômicos possam ter oportunidades similares de aprendizado.” Logo, a oficina apresenta como esses aparelhos deixam de ser um lixo eletrônico e se tornam minicomputadores que serão destinados para as escolas públicas, “com softwares educativos para auxiliar no ensino das crianças nesses ambientes onde não tem uma inserção tecnológica tão grande.”
A ideia do projeto surgiu devido uma aproximação da Receita Federal que estava apreendendo cada vez mais aparelhos ilegais e, preocupados com o meio ambiente, entraram em contato com o departamento e apresentaram esse projeto de descaracterização. Desse modo, aceitaram o desafio e começaram informalmente até que surgiu a oportunidade de formalizar o projeto através do edital do Socialize-se.
18/10 – SÃO CRISTÓVÃO
(Oficina) Formulação inovadora de repelente e boas práticas de saúde do trabalhador: Capacitação de marisqueiras – Profª. Rogéria Nunes
ODS 3 - Saúde e Bem-estar
Ao ter conhecimento das condições de trabalho das marisqueiras da Associação Colônia Miranda, que usam produtos tóxicos na pele na tentativa de repelir os insetos que as machucam, a Profª Rogéria Nunes do Departamento de Farmácia (DFA) conta que aderiu a proposta “no sentido de trabalhar conceitos de cuidado, educação e saúde e adicionalmente capacitá-las a produzir produtos adequados para trabalhar a repelência e progressivamente deixarem de lado esses produtos que elas utilizam de forma inadequada. ”
A professora e os alunos esperam como resultado que as marisqueiras “incorporem no cotidiano delas as informações que viemos compartilhar e que o conhecimento aqui repassado possa ser multiplicado pelos próprios pescadores e pescadoras, uma vez que, a gente está trazendo no âmbito da inovação e da transferência de tecnologia, tecnologias sociais que podem ser facilmente reproduzidas pela comunidade.”
(Oficina) Conversão de garrafas pet em em filamento para impressão 3D - Prof. José Kaio
ODS 13 - Ação contra a mudança global do clima
Professor José Caio e orientanda Vanessa Pereira.
Essa oficina, ministrada pelo professor José Kaio, teve como foco reciclar garrafas PET e fazer uso do filamento resultante para impressão 3D. A atividade consistiu em demonstrações e práticas de transformação das garrafas plásticas em filamento para depois ser utilizado na impressão 3D de objetos.
Vanessa Pereira, aluna de Engenharia de materiais e uma das orientandas, compartilha a relação de sua pesquisa com os ODS: “nos últimos anos eu vi um grande aumento da poluição de plástico no mundo, afetando não só a sociedade mas também o ecossistema e os oceanos. A minha pesquisa objetiva diminuir esse tipo de poluição, já que a impressora 3D também afeta nesse sentido porque a matéria prima dela também é plástico (o filamento). Trocando isso, a gente utiliza garrafas pets para reutilizá-las, já que são de baixo custo e não degradam tanto o meio ambiente.”
A aluna comentou também que o interesse surgiu depois que o orientador chegou pra ela com essa proposta e a mesma viu que isso era benéfico para o meio ambiente e para o que pensa sobre o ecossistema. Assim, isso a motivou a fazer a pesquisa para levar para a população o conhecimento sobre reciclagem.
19/10 – SÃO CRISTÓVÃO
Fórum de Inovação Social e Feira de Startups
No encerramento, os alunos do socialize-se além de apresentarem os resultados de seus projetos, também compartilharam no final suas experiências durante o processo. A feira de Startups ficou exposta durante a manhã para que os convidados pudessem visualizar as produções de algumas equipes. A seguir, a lista das que estiveram presentes:
Lysandro: Insulina d’amor; Insulinbox; Milkbox
Divanizia: Rodo UVC para desinfecção de superfícies
Wellington: CONF TERM
Claudney: Rgenera World
Todos esses projetos apresentados na Barra dos Coqueiros e em São Cristóvão são exemplos de como a inovação tecnológica e social podem fazer mudanças significativas na sociedade de forma benéfica que contribui para sua evolução. Essas iniciativas provam também a capacidade que a Universidade Federal tem de produzir conhecimento que gera retorno para a população, mostrando como a educação de qualidade pode gerar um futuro mais consciente e inclusivo. A Agitte sente-se honrada de poder contribuir com essas ações transformadoras e inovadoras.
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